DOWNLOAD HISTÓRIA DE SÃO PAULO - TRABALHO PRONTO
Autor:
Leandro Sampaio
Piratininga virou São Paulo: o colégio
é hoje uma metrópole
Os padres jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega subiram a Serra do
Mar, nos idos de 1553, a fim de buscar um local seguro para se instalar e
catequizar os índios. Ao atingir o planalto de Piratininga, encontraram o ponto
ideal. Tinha “ares frios e temperados como os de Espanha” e “uma terra mui
sadia, fresca e de boas águas”.
Os religiosos construíram um colégio numa pequena colina, próxima aos
rios Tamanduateí e Anhangabaú, onde celebraram uma missa. Era o dia 25 de
janeiro de 1554, data que marca o aniversário de São Paulo. Quase cinco séculos
depois, o povoado de Piratininga se transformou numa cidade de 11 milhões de
habitantes. Daqueles tempos, restam apenas as fundações da construção feita
pelos padres e índios no Pateo do Collegio.
Piratininga demorou 157 anos para se tornar uma cidade chamada São
Paulo, decisão ratificada pelo rei de Portugal. Nessa época, São Paulo ainda
era o ponto de partida das bandeiras, expedições que cortavam o interior do
Brasil. Tinham como objetivos a busca de minerais preciosos e o aprisionamento
de índios para trabalhar como escravos nas minas e lavouras.
Em 1815, a cidade se transformou em capital da Província de São Paulo.
Mas somente doze anos depois ganharia sua primeira faculdade, de Direito, no
Largo São Francisco. A partir de então, São Paulo se tornou um núcleo
intelectual e político do país. Mas apenas se tornaria um importante centro
econômico com a expansão da cafeicultura no final do século XIX. Imigrantes
chegaram dos quatro cantos do mundo para trabalhar nas lavouras e, mais tarde,
no crescente parque industrial da cidade. Mais da metade dos habitantes da
cidade, em meados da década de 1890, era formada por imigrantes.
No início dos anos 1930, a elite do Estado de São Paulo entrou em choque
com o governo federal. O resultado foi a Revolução Constitucionalista de 1932,
que estourou no dia 9 de julho (hoje feriado estadual). Os combates duraram
três semanas e São Paulo saiu derrotado. O Estado ficou isolado no cenário
político, mas não evitou o florescimento de instituições educacionais. Em 1935
foi criada a Universidade de São Paulo, que mais tarde receberia professores
como o antropólogo francês Lévi-Strauss.
Na década de 1940, São Paulo também ganhou importantes intervenções
urbanísticas, principalmente no setor viário. A indústria se tornou o principal
motor econômico da cidade. A necessidade de mais mão-de-obra nessas duas
frentes trouxe brasileiros de vários Estados, principalmente do nordeste do
país.
Na década de 1970, o setor de serviços ganhou maior destaque na economia
paulistana. As indústrias migraram para municípios da Grande São Paulo, como o
chamado ABCD (Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e
Diadema). Hoje, a capital paulista é o centro financeiro da América Latina e
por isso ainda recebe de braços abertos brasileiros e estrangeiros que trabalham
e vivem na cidade de São Paulo, em um ambiente de tolerância e respeito à
diversidade de credos, etnias, orientações sexuais e tribos.
História de São Paulo (cidade)
A história
da cidade de São Paulo ocorre
paralelamente à história do Brasil, ao longo de
aproximadamente 462 anos de sua existência, contra os mais de quinhentos anos do país. Embora
tenha sido marcada por uma relativa inexpressividade, seja do ponto de vista político ou econômico, durante
os primeiros três séculos desde sua fundação, São Paulo destacou-se
em diversos momentos como cenário de variados e importantes momentos de ruptura
na história do país.
São Paulo surgiu como missão
jesuítica, em 25 de
janeiro de 1554,
reunindo em seus primeiros territórios habitantes de origem tanto européia quanto indígena. Com o
tempo, o povoado acabou caracterizando-se como
entreposto comercial e de serviços de relativa importância regional. Esta
característica de cidade comercial e de composição
heterogênea vai acompanhar a cidade em toda a sua história, e atingirá o seu
ápice após o espetacular crescimento demográfico e econômico advindo do ciclo do
café e daindustrialização, que elevariam
São Paulo ao posto de maior cidade do país.
Período colonial
Em 1532, Martim Afonso de Sousa funda, no litoral
paulista, a primeira vila brasileira, São Vicente. Donatário da capitania de São Vicente, Martim Afonso
incentiva a ocupação da região e outras vilas são criadas no litoral (Itanhaém, 1532; Santos, 1546). Poucos
anos depois, vencida a barreira representada pela serra do
Mar, os colonizadores avançam pelo planalto
Paulista, estabelecendo novos povoados. Em 1553, João
Ramalho, que vivia no planalto desde antes da criação de São
Vicente, funda a vila de Santo André da Borda do Campo, situada no caminho do mar (atual região do ABC
paulista). Explorador português, João Ramalho era casado com a
índia Bartira, esta,
por sua vez, filha do cacique Tibiriçá, chefe
da tribo dos guaianases.
Encontrava-se, dessa forma, apto a exercer a função de intermediário dos
interesses portugueses junto aos indígenas.
Fundação
Interessado em estabelecer um local onde pudesse catequizar os indígenas longe da influência dos
homens brancos , o padre Manuel da Nóbrega, superior da Companhia de Jesus no Brasil, observou que uma região
próxima, localizada sobre um planalto, seria o ponto ideal, então chamado de
Piratininga. Em 29 de agosto de 1553 padre Nóbrega realizou 50
catecúmenos entre os nativos, o que fez aumentar a vontade de fundar um colégio
jesuíta no Brasil.
Embora a busca da catequese sem a influência do homem
branco fosse um objetivo, o que precipitou a mudança para o planalto foi a
necessidade de resolver o problema de alimentação dos indígenas que estavam
sendo doutrinados, como afirma o padre
Anchieta
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Para sustento destes meninos, a farinha de pau era trazida do interior, da distância de 30 milhas. Como era muito
trabalhoso e difícil por causa da aspereza do caminho, ao nosso Padre (Padre Manuel
da Nóbrega)
pareceu melhor no Senhor mudarmo-nos para esta povoação de índios, que se
chama Piratininga.
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— Pe. Anchieta
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Em janeiro de 1554, um
grupo de jesuítas,
comandado pelos padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, chega ao
planalto, auxiliado por João
Ramalho. Com o objetivo de catequizar os índios que viviam na
região, os jesuítas erguem um barracão de taipa de
pilão, em uma colina alta e plana, localizada entre os rios Tietê, Anhangabaú eTamanduateí, com a anuência do cacique Tibiriçá, que
comandava uma aldeia de guaianases nas proximidades. Em 25 de
janeiro daquele
ano, dia em que se comemora a conversão do apóstolo
Paulo, o padre Manuel de
Paiva celebra a
primeira missa na colina. A celebração marcou o
início da instalação dos jesuítas no local, e entrou para a história como
nascimento da cidade de São Paulo. Dois anos
depois, os padres erguem uma igreja – a primeira edificação duradoura do
povoado. Em seguida, ergueram ocolégio e o pavilhão com os aposentos.
Destas construções originais, resta apenas uma parede de taipa, onde hoje
encontra-se o Pátio do Colégio.
Ao redor do colégio formou-se uma pequena povoação de
índios convertidos, jesuítas e colonizadores. Em 1560, a
população do povoado seria expressivamente ampliada, quando, por ordem de Mem de Sá, governador-geral
da colônia, os habitantes da vila de Santo André da Borda do Campo são transferidos para os arredores
do colégio. A vilade Santo
André é extinta, e o povoado é elevado a esta categoria, com o nome de
"Vila de São Paulo de Piratininga". Por ato régio é criada, no mesmo,
ano, sua Câmara Municipal, então chamada
"Casa do Conselho". É provavelmente nesse mesmo ano de 1560 que é
criada a "Confraria da Misericórdia de São Paulo" (atual Santa Casa de Misericórdia).
Em 1562,
incomodados com a aliança entre guaianases e portugueses, os
índios tupinambás, unidos
na Confederação dos Tamoios, lançam uma
série de ataques contra a vila em 9 de julho,[5] no episódio conhecido como Cerco de Piratininga. A defesa
organizada por Tibiriçá e João Ramalho impede que os tupinambás entrem em São
Paulo, e os obriga a recuar, em 10 de
julho do mesmo
ano.
Ainda em 1590, com a iminência de um novo ataque a cidade
novamente se prepara com obras de defesa, e é claro que nesse ambiente cheio de
incertezas a prosperidade se torna impossível. Mas na virada do século XVII a
situação se acalma e se consolida o povoamento, nas palavras de Alcântara Machado:
Afinal, com o recuo, a submissão e o extermínio do gentio vizinho, mais
folgada se torna a condição dos paulistanos e começa o aproveitamento regular
do chão. Deste, somente deste, podem os colonos tirar sustento e cabedais [bens
materiais]. É nulo, ou quase nulo, o capital com que iniciam a vida. Entre eles
não há representantes das grandes casas peninsulares [famílias do Reino], nem
da burguesia dinheirosa. Certo que alguns se aparentam com a pequena nobreza do
reino. Mas, se emigram para província tão áspera e distante, é exatamente
porque a sorte lhes foi madrasta na terra natal. Outros, a imensa maioria, são
homens do campo, mercadores de recursos limitados, artífices aventureiros de
toda casta, seduzidos pelas promessas dos donatários ou pelas possibilidades com que lhes acena o continente novo.
Ocupação da Cidade
Desde o início, a ocupação das terras da cidade se deu de forma
policêntrica, com diversos aldeamentos,
principalmente jesuítas mas também de outras ordens
eclesiásticas, em torno das quais iniciavam-se as aglomerações. A
motivação mais natural para isso, em São Paulo, era o relevo da cidade, com
muitos aclives e riachos. A organização urbana, da mesma forma que em toda a
colônia, era centrada, administrativa e eclesiasticamente, nas paróquias. Cada
paróquia era centrada em uma capela.
A primeira paróquia foi, naturalmente, a Freguesia da Sé, fundada em 1589.
Conforme os demais núcleos foram crescendo, eles desmembraram-se, com novas
capelas ganhando status de paróquia. As paróquias desmembradas do centro foram[7] :
·
1796, 26 de março: Paróquias de Nossa Senhora
do Ó e Penha de França, ambas distantes cerca de 10 km do centro;
·
1809, 21 de abril: Paróquia da Santa
Ifigênia, mais próxima mas naturalmente separada pelo rio Anhangabaú;
·
1812, 21 de outubro: Paróquia de São Bernardo, que no ano seguinte (1813, 9 de novembro) foi ainda elevado a distrito;
·
1818, 8 de junho: Paróquia do Brás, também mais próxima, mas naturalmente separada pelo rio Tamanduateí.
Além dessas, houve diversos aldeamentos mais distantes.
Dentre eles, apenas dois prosperaram: o de Pinheiros e o
de São
Miguel, ambos fundados por José
de Anchieta em1560 .
Diversos aldeamentos foram dizimados pela varíola, dentro dos
quais podemos citar: Itaquequecetuba
,Mboy,Itapecerica,Barueri,Guarapiranga,Carapicuiba,Ibirapuera e Guarulhos
São desta época os primeiros caminhos: o que ia ao Campo
do Guaré (hoje chamado bairro da Luz) tornou-se a atual Florêncio de
Abreu. Os outros dois dariam origem às hoje denominadas rua 15 de Novembro e rua Direita.
Também no século
XVI são fundadas
novas igrejas: a Matriz, em 1588 (primeiro protótipo da Sé paulistana), a de
Nossa Senhora do Carmo, de 1592 (demolida em 1928), aIgreja de Santo Antônio (ainda hoje na Praça do Patriarca), e a capela de
Nossa Senhora da Assunção, por volta de 1600 (que daria origem ao atual Mosteiro de São Bento). Um
viajante chegando à cidade nas primeiras décadas do século
XIX veria algo como:
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Depois de ultrapassar a Igreja da Penha sobre sua pequena
colina, ele descortinaria, ao longe, o sítio inteiro da cidade. Sobreposta
sobre outra colina, São Paulo apareceria-lhe dominado pelas torres de suas
oito igrejas, seus dois conventos e seus três mosteiros. Era ainda necessário
caminhar quase nove quilômetros, atravessar o pequeno aglomerado formado em
torno da Igreja do Brás, passar o sítio pantanoso do Carmo, cruzar a ponta
lançada sobre o Riacho do Tamanduateí para chegar afinal ao centro urbano.
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A base da alimentação nos primeiros tempos era formada
pela canjica,
ensinada pelo índio, e o angu de fubá ou de farinha de milho e de
mandioca. Convenientemente que esses alimentos não precisavam de sal, que
naquela época era raro. A mandioca, que era o principal alimento no início do
aldeamento, foi aos poucos sendo superada pelo milho. O trigo, embora desse bem
na região, não foi muito utilizado no início - apenas para hóstias e bolinhos -
devido a facilidade de se obter a mandioca e o milho. Apenas nos primeiros anos
do século dezessete que se iniciou uma produção maior de trigo, com pelo menos
cinquenta plantadores de trigo no planalto e diversas licenças da Câmara para
os moradores fazerem seus próprios moinhos.
Além desses alimentos-base, poderia-se encontrar frutas bravas
e selvagens, palmitos e outros alimentos encontrados nas roças dos índios[9] , bem como muitas frutas européias
como maçãs, pêssegos, amoras, melões e melancias. A cultura da vinha também teve desenvolvimento nos
primeiros anos, sendo que se encontrava sempre muito vinho na vila, a não ser
quando os comerciantes espertos tentavam o açambarcamento. Esses
vinhos muitas vezes eram utilizados como remédio, servindo de veículos para
plantas medicinais. O mesmo se dava com a cachaça que era produzida na região.
Os bandeirantes
No século
XVII, as atividades econômicas da vila limitavam-se quase que
exclusivamente à agricultura de subsistência. A produção e exportação de açúcar não tinha grande desenvolvimento,
embora crescessem outros cultivos nos arredores da vila, como o de trigo,mandioca e milho, além da
criação de gado. Não
obstante, São Paulo permanecia como um núcleo de povoamento pobre e isolado das
áreas mais dinâmicas da colônia. Assim, já nas primeiras décadas do século, os
paulistas começaram a organizar as bandeiras– grandes expedições que partiam em
direção aos sertões inexplorados da colônia, em busca de mão-de-obra indígena, pedras e metais preciosos.
Em pouco tempo, os bandeirantes se tornariam os grandes responsáveis
pela ampliação dos limites das fronteirasda
colônia, incorporando ao território do Brasil inúmeras áreas que, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, pertenciam à Espanha.
Os bandeirantes se tornariam figuras centrais na história
política de São Paulo no século XVII, e a autoridade local dos exploradores por
vezes sobrepujava os interesses da Igreja Católica e da própria coroa portuguesa. Em 1640, a forte
oposição dos jesuítas à captura e comercialização da mão-de-obra indígena
promovida pelos bandeirantes levou a uma série de conflitos entre os dois
grupos, que culminariam, em 13 de
julho daquele
ano, com a expulsão dos jesuítas de São Paulo, medida
que teve apoio dos comerciantes da vila. Os jesuítas só obteriam permissão para
retornar a São Paulo em 1653.
É também na vila de São Paulo que se registra, no mesmo
ano de 1640, o primeiro movimento nativista do Brasil, a chamada "Aclamação de Amador Bueno". Com o fim
da Guerra da Restauração, em que Portugal restabeleceu sua independência
política da Espanha, os moradores de São Paulo, principalmente bandeirantes e
comerciantes, temiam ser prejudicados, já que haviam se beneficiado
economicamente do contrabando de índios na região do rio da
Prata durante
as décadas em que vigorou a União Ibérica. Como forma de protesto, declararam
São Paulo reino independente, e Amador
Bueno, capitão-mor, rico
morador da vila e irmão do bandeirante Francisco
Bueno, é aclamado como rei. Amador
Bueno, no entanto, rejeita o título e jura fidelidade à coroa portuguesa,
encerrando o levante.
Em um primeiro momento, a concentração da atividade
bandeirista em São Paulo fomentou, ainda que de forma tímida, a atividade
econômica da vila, que ensaia exercer, pela primeira vez, a posição de
entreposto comercial. Alguns bandeirantes, enriquecidos com o comércio de
escravos indígenas, faziam benfeitorias na vila. Fernão Dias, eleito juiz ordinário e presidente
da Câmara Municipal, por exemplo,
doou aos monges beneditinos os recursos necessários para a
reconstrução do Mosteiro de São Bento. Outras
ordens religiosas se instalariam na cidade no século XVII, como os franciscanos, que em 1647 haviam inaugurado o convento (demolido em 1932, para dar lugar à Faculdade de Direito) e a igreja de São Francisco, no largo homônimo.
A corrida pelo ouro
Estrategicamente localizada defronte os principais
caminhos para o interior, e banhada pelo rio Tietê (cujo curso natural servia de
caminho ao interior da capitania e à atual região Centro-Oeste), São Paulo
converteu-se no principal centro do movimento bandeirante, especialmente a
partir da década de 1660. Foi da vila que partiram as históricas expedições de Fernão Dias Pais, Antônio Raposo Tavares,Domingos Jorge Velho e de Bartolomeu Bueno da Silva, entre outras.
Em 1690, os
bandeirantes paulistas descobriram ouro no "Sertão do Cuieté",
atual estado de Minas
Gerais. Repetiriam o feito alguns anos mais tarde, em Mato
Grosso e Goiás.
Primeiros a explorar e ocupar o território mineiro, os paulistas logo
enfrentariam a concorrência de luso-brasileiros de outras regiões da colônia,
culminando no conflito denominado Guerra dos Emboabas. A descoberta
paulista despertou pela primeira vez a atenção do reino português sobre a vila,
já que São Paulo, a essa altura, não apenas concentrava a partida das
expedições, mas também tornara-se o núcleo principal de irradiação das
correntes de povoamento que se dirigiam para Minas Gerais e, posteriormente,
para o Mato Grosso e Goiás. Como conseqüência, em 1709, São
Paulo substitui São Vicente como sede administrativa da capitania (que tem seu
nome alterado para Capitania de São Paulo e Minas de
Ouro). Em 1711, São
Paulo é elevada a cidade. Conta
nesse ano 9 mil habitantes. Em 1745, torna-se sede de bispado autônomo, separando-se da diocese do Rio de
Janeiro.
Embora a corrida pelo ouro de Minas tenha enriquecido
muitos desbravadores paulistas, o efeito sobre a cidade foi o oposto. O
esvaziamento populacional empobreceu São Paulo, que assistiu a um longo período
de estagnação em seu crescimento econômico. Com o esgotamento das jazidas
mineiras, na segunda metade do século
XVIII, a situação se agrava, e muitos paulistas retornam aos
seus locais de origem. A cidade recebe novo fluxo populacional e tenta
reorganizar sua atividade econômica.
O ciclo do açúcar
O governo paulista passa a desenvolver um plano de
fixação de suas populações em áreas exploradas da capitania, e começa a
fornecer incentivos à lavoura e à indústria. O plantio da cana-de-açucar é estimulado nas áreas a sudeste da
capital, e grandes fábricas de tecelagem e fundição são instaladas. Em 1792, a
abertura da Calçada do Lorena, importante obra
de engenharia do período colonial, ligando as cidades de São Paulo e Santos,
forneceria condições adequadas para o transporte de açúcar e de outros gêneros
alimentícios produzidos no interior da capitania. São Paulo é
beneficiada por sua posição geográfica estratégica, como encruzilhada natural
das vias de circulação entre o interior e o litoral da colônia. Afirma então
seu papel de centro comercial, através do qual se fazia o escoamento da
produção, rumo ao porto de
Santos.De forma ainda intermitente, São Paulo começa a
prosperar, e novas edificações são erguidas. Em 1750, com a expulsão dos
jesuítas do Brasil, dessa vez por determinação do marquês de Pombal, os bens da
ordem são confiscados. A igreja dos jesuítas, reconstruída no
início do século XVIII, é transformada em sede da administração da capitania
(agora, já separada de Minas Gerais e renomeada Capitania de São Paulo). Em 1765, é
fundada a Casa de Ópera do Pátio do Colégio, primeiro teatro da cidade, e em
1775 é inaugurado o Cemitério dos Aflitos, primeira necrópole paulistana, destinada ao enterro de
pobres, escravos e condenados à forca. Também do século XVIII são o Mosteiro
da Luz (recolhimento
de religiosas construído em taipa de pilão, a partir do projeto de Frei Galvão, de 1774) e a Igreja das Chagas do
Seráfico Pai São Francisco (1787), entre outros. Em 1798, a cidade
inaugura seu Jardim Botânico (atual Jardim da
Luz). Ainda no fim do século XVIII, por iniciativa do marechalJosé Arouche de Toledo Rendon, os limites
urbanos da cidade são expandidos, com a abertura da rua São João e da
ponte do Marechal, sobre o rio Anhangabaú. Começa a ser formado o Campo do
Curro, atual Praça da República.
Período imperial
O primeiro reinado e a Faculdade de
Direito
Durante a maior parte de todo o século
XIX, São Paulo preservaria as características de uma cidade provinciana, mas
vê crescerem suas possibilidades de desenvolvimento após a transferência da Família Real Portuguesa para o Rio de Janeiro. A abertura dos
portos às nações amigas, decretada por Dom João
VI em 1808, dá novo
alento à economia do litoral paulista, ao passo que interior da capitania
continua a registrar relativa prosperidade com a plantação da cana-de-açúcar. A
capital, situada em meio à rota obrigatória para o escoamento da produção do
açúcar, assiste ao desenvolvimento do comércio.
Cresce a importância política da capitania (que se torna província em 1821), e a cidade de São Paulo
serve de palco para acontecimentos de grande importância na história do país. Entre os mais
destacados nomes da campanha pela independência brasileira figurou um paulista, José Bonifácio de Andrada e Silva. E foi
na capital paulista, à margens do riacho do Ipiranga, que Dom Pedro
I proclamou a independência do Brasil. Também vivia na
cidade a mais célebre amante do imperador, a marquesa de Santos. Após a
independência, São Paulo recebeu o título de "Imperial
Cidade", outorgado por D. Pedro I em 1823.
A Faculdade de Direito,
instalada no antigo Convento de São Francisco.
Em 1825, é criada a Biblioteca
Pública Oficial de São Paulo, a primeira da província. Em 1827, é lançado o primeiro periódico da cidade,O Farol Paulistano. Em 1828, é
inaugurada a Faculdade de
Direito do Largo São Francisco. Trata-se da mais antiga instituição deensino jurídico do país, ao lado da Faculdade de Direito de Olinda, ambas
instituídas por decreto imperial de 1827. Após a instalação da faculdade, a
cidade recebe o título de "Imperial Cidade e Burgo dos Estudantes de São
Paulo de Piratininga". O conseqüente afluxo de mestres e estudantes
ocasiona uma radical mudança no cotidiano da cidade. Além de demandar a
construção de hotéis, restaurantes e núcleos artísticos, a aglomeração de acadêmicos enriquece a vida cultural
paulistana. Ao longo da história, a faculdade(incorporada
à USP em 1934) tornaria-se responsável
pela formação de parte considerável da elite intelectual e política brasileira,
e seu edifício (instalado no local do antigo convento de São Francisco) foi
palco de atos e manifestações públicas relacionadas a inúmeros fatos da vida política do país.
Em 1830, o
jornalista Libero
Badaró, escritor do liberal Observador Constitucional (segundo periódico mais antigo da
cidade, fundado em 1828), escreve artigo comentando sobre a Revolução de 1830, na França, que
levou à deposição de Carlos X, em que exortava os brasileiros a seguirem o exemplo dos
franceses. Logo em seguida, estudantes da Faculdade de Direito realizam
manifestações públicas de apoio às idéias republicanas expressas no artigo do jornalista, e
são ameaçados legalmente. O Observador Constitucional abre campanha em favor
dos estudantes, e os ânimos se exaltam. Em 20 de
novembro deste
mesmo ano, Líbero Badaró é assassinado em uma emboscada. A repercussão na
cidade foi imediata: cinco mil pessoas comparecem ao enterro, e o clamor por
justiça leva à prisão do ouvidor Cândido Japiaçu, acusado de
envolvimento no assassinato. A consequência principal do episódio é o reforço
ao desgaste político de Dom Pedro I, que por esta e por outras razões, renuncia
ao trono no ano seguinte.
O segundo reinado e o ciclo do café
Desde as primeiras décadas do século XIX, a queda dos
preços do açúcar nos mercados internacionais havia motivado ocultivo do café no Brasil. Vindo do Rio de
Janeiro, o café começou a ser extensivamente cultivado em São
Paulo, sobretudo na região do Vale do Paraíba. Em 1850, o café já era o principal
produto exportado por São Paulo. Do Vale do Paraíba,
os cafezais se espalharam pelas terras
roxas do oeste
paulista, antes ocupadas com a cana-de-açúcar (Rio Claro, Campinas eJaú),
enriquecendo a província. A partir do reinado
de D. Pedro II, a cidade ganha novo impulso com o desenvolvimento da
economia cafeeira: os setores de comércio e de serviços aumentam consideravelmente e
observa-se a formação de uma expressiva burguesia.
Muitos fazendeiros prosperam, com lucros provenientes
da utilização do trabalho assalariado e do emprego de mão-de-obraimigrante. A
abundância de recursos financeiros propicia a realização de grandes
investimentos, a maior parte custeada pelainiciativa privada. São abertas
várias ferrovias,
interligando a cidade de São Paulo às principais áreas produtoras da província
e ao porto de
Santos: a primeira é a São Paulo Railway, inaugurada em
1867, à qual se segue a Estrada de Ferro Sorocabana, entregue em
1870.
No primeiro censo
nacional, realizado em 1872, São Paulo contabilizava 31.385
habitantes. A cidade ganha casas exportadoras e vários bancos de financiamento. Sua
fisionomia começa a mudar: o casario baixo e acanhado começa a ceder lugar a
edificações maiores e tipicamente urbanas. Com vistas a garantir a salubridade,
é inaugurado, em 1858, o Cemitério da Consolação, o mais antigo
em funcionamento da cidade. Em 1865, é fundado o Teatro São José. Em 1872, são instalados os
serviços deabastecimento de água, esgoto e iluminação a gás, e é criado o sistema de transporte com bondes de tração animal. Em 1884, começam a funcionar as
primeiras linhas telefônicas. Para suprir as necessidades educacionais da
crescente elite paulistana e minorar os problemas provenientes da falta de
habilitação técnica, a iniciativa privada inaugura as primeiras instituições de
ensino (Instituto Presbiteriano Mackenzie, em
1870; Liceu de Artes e Ofícios de São
Paulo, em 1873; Escola Alemã, em 1878).
Após a década de
1880, o café teve nova valorização internacional. Os
fazendeiros paulistas, entretanto, tinham de lidar com o problema da escassez
de trabalhadores. Após a promulgação da Lei Eusébio de Queirós e a consequente abolição do tráfico negreiro, ocorrida em
1850, os escravos negros tornaram-se escassos e cada vez mais caros. Para
substituí-los, começaram a chegar os imigrantes, sobretudo italianos. Um número significativo desses
imigrantes fixou-se na própria capital, empregando-se nas primeiras indústrias
que se instalavam nos bairros do Brás e da Mooca, a
partir de investimentos provenientes dos lucros obtidos pelos empresários do
setor cafeicultor. Em 1882, é fundada a Hospedaria dos Imigrantes, a princípio no Bom Retiro (1882) e posteriormente na Mooca
(1885).
A riqueza proveniente dos cafezais e de uma indústria ainda incipiente sustentou a
liderança paulista no movimento republicano. Em 1873, realiza-se em Itu a primeira convenção republicana do Brasil, e é
criado o Partido Republicano Paulista (PRP), que utilizará o periódico Correio Paulistano como veículo oficial. Com a extinção
da escravidão após a promulgação da Lei Áurea, em
1888, os fazendeiros paulistas exigem indenização pela perda de propriedade.
Sem conseguir, aderem ao movimento republicano como forma de pressão. O império
perde sua última base de sustentação (crises políticas e econômicas iniciadas
ou agravadas após a Guerra do Paraguai já haviam afastado a igreja e os
militares da base de apoio da monarquia) e a república é proclamada no Rio de Janeiro, a 15 de
novembro de 1889.
República Velha
Guilherme Gaensly. Rua Libero Badaró, sentido Praça do
Patriarca, c.1920. Instituto Moreira Salles, São Paulo.
Com o fim do Segundo
Reinado que a
cidade de São Paulo, assim como o estado de São Paulo, tira
grande proveito da situação e tem crescimento econômico e populacional
fabulosos, fruto da política do café com leite e de mudanças estruturais do federalismo no Brasilpelo estado de
São Paulo, com a ajuda de Minas
Gerais.
O auge do período do café é representado pela construção
da segunda Estação da Luz (edifício que hoje recebe tal
denominação) no fim do século
XIX. Neste período, o centro financeiro da cidade desloca-se de seu centro
histórico (região chamada de "Triângulo Histórico") para áreas mais a
Oeste. O vale do rio Anhangabaú é ajardinado e a região do outro
lado do rio passa a ser conhecida comoCentro Novo. Os melhoramentos
realizados na cidade pelos administradores João Teodoro Xavier e Antônio da Silva Prado contribuem para o clima de
desenvolvimento: estudiosos consideram que a cidade inteira foi demolida e
reconstruída. Neste período a cidade passa a ser chamada, por estes estudiosos
como a "cidade da alvenaria", visto que o sistema construtivo adotado
passa a ser a alvenaria,
especialmente aquela importada da Europa. Tal mudança altera profundamente a
paisagem da cidade: seus habitantes consideram os estilos arquitetônicos do
período colonial como "antiquados" e "provincianos" e
passam a adotar o ecletismo possibilitado pela alvenaria. O atual edifício da Pinacoteca do Estado (construído em 1900 para sediar o Liceu de Artes e Ofícios de São
Paulo) é exemplar deste período da cidade.
Século XX
Com o crescimento industrial da cidade, no século XX, a
sua área urbanizada passou a aumentar em ritmos acelerados, sendo que alguns
bairros residenciais foram construídos em lugares de chácaras. O grande surto
industrial se deu durante a Segunda Guerra Mundial, devido à crise
na cafeicultura e às restrições ao comércio
internacional, o que fez a cidade ter uma taxa de crescimento muito elevada até
os dias atuais.
Atualmente, o crescimento vem-se desacelerando, devido ao
desenvolvimento industrial verificado em outras regiões do Brasil. A cidade
passa por um processo de transformação em seu perfil econômico, convertendo-se
de um centro industrial para um grande pólo de comércio, serviços e tecnologia,
sendo, atualmente, uma das mais importantes metrópoles do mundo.
Referências
1. VASCONCELOS, Simão de, padre. Crônica da Companhia de Jesus. Citado em Teodoro Sampaio, pág. 233.
3. KEHL, Luiz Augusto. Simbolismo e Doutrina na Fundação de São Paulo. in: BUENO, Eduardo (org.). Os Nascimentos de São Paulo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. pág. 93-93.
4. ANCHIETA, Padre José de (1534-1597) (2004). Carta do quadrimestre de maio a setembro de 1554,
dirigida por Anchieta ao Santo Ignácio de Loyola, Roma. (Certidão de Nascimento de São Paulo). p. 140-158. In:
Minhas Cartas por José de Anchieta. 158 p. São Paulo, Associação Comercial de
São Paulo. Os textos das cartas de Anchieta e as notas de rodapé foram
extraídas do livro "Cartas, correspondência ativa e passiva" do padre
Hélio Abranches Viotti, S. J., Edições Loyola, SP, 1984.
6. Machado, José de Alcântara. Vida e Morte do Bandeirante.
São Paulo: Imprensa Oficial, 2006. Página 40.
7. ↑ Ir para:a b c d e Marcildo, Maria
Luisa (1973). A Cidade de São Paulo: povoamento e
população, 1750-1850 (São Paulo:
Pioneira).
8. ↑ Ir para:a b Silva Bruno,
Ernani (1954). História e Tradições da Cidade de
São Paulo Segunda ed. (São
Paulo: José Olimpio). p. 260-261.
9. de Abreu, Capistrano. Capitulos da Historia Colonial [S.l.: s.n.]
10. de Vasconcelos, Simão. Cronica da Companhia de Jesus do estado do Brasil [S.l.: s.n.]
Bibliografia
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PORTA, Paula (org); História da cidade de São Paulo - 3
volumes; São Paulo: Editora Paz e Terra, 2004 ISBN 85-219-0756-7
·
TOLEDO, Benedito Lima
de; São Paulo: três cidades em
um século; São Paulo: Editora Cosac e Naify, 2004; ISBN 85-7503-356-5
·
TOLEDO, Roberto Pompeu
de; A
capital da solidão; São Paulo: Editora Objetiva, 2004; ISBN 85-7302-568-9
História de São Paulo
No dia 22 de janeiro do ano de 1532,
teve início a colonização oficial (por Martim
Afonso de Souza) da
localidade que, hoje, conhecemos como São Paulo, com a
fundação da mais antiga vila do Brasil:Vila de São Vicente. Em 1554, os jesuítas
(dentre os quais estavam o padre José de Anchieta e Manoel da Nóbrega), depois
de subir a serra, decidem construir um colégio onde, além de alfabetizar,
também catequizariam índios, no alto de uma colina na região de Piratininga. A
cidade de São Paulo cresceu ao redor do colégio.
A partir do século XVII, têm início as
bandeiras (ou entradas) cujo objetivo era a captura de índios, a expansão
territorial e, principalmente, a descoberta de ouro e pedras preciosas. No
final deste século, os bandeirantes do estado de São Paulo encontram ouro nos
arredores de São João Del Rei.
A independência do Brasil é proclamada
por D. Pedro I, em solo paulistano, no dia 7 de setembro de 1822.
Em 1817, tem início o ciclo do café com a fundação da primeira fazenda no
vale do rio Paraíba do Sul. A mão-de-obra utilizada na cafeicultura era a
escrava. Esta atividade econômica fez surgir uma oligarquia rural e propiciou o
enriquecimento de diversas cidades do vale do Paraíba do Sul, dentre elas:
Lorena, Pindamonhangaba e Guaratinguetá. A fim de escoar os grãos de café do
interior do estado para Santos, é criada, em1867, a São Paulo Railway (a
primeira ferrovia paulista). Com a abolição da escravatura, em 1888, e o
enriquecimento da região, começam a chegar os imigrantes (italianos, espanhóis,
árabes, japoneses, etc.).
A partir de 1900 (e até 1970) uma
empresa canadense chamada Light passa a administrar a geração de energia
elétrica, fato que alavancou um grande desenvolvimento industrial e econômico.
No início do século XX, a oligarquia cafeeira viveu seu apogeu, que foi
interrompido pela Revolução de 1930(liderada pelo Rio Grande do Sul). As elites paulistas promovem a Revolução constitucionalista, em 1932 e, apesar de todo o dinheiro
que possuíam, são derrotadas. Após a Revolução de 1930, o país passou por um
período de instabilidade que favoreceu a implantação da ditadura de Getúlio Vargas. A ditadura do Presidente gaúcho
terminou junto com a Segunda Guerra Mundial. Devido aos bons preços que o café atingiu durante a guerra, o estado de
São Paulo se recuperou.
Em 1950, chega a indústria
automobilística a São Paulo (ABC Paulista), como fruto do trabalho de Juscelino Kubitschek. Graças à falta de mão de obra,
migrantes do nordeste brasileiro (Bahia, Pernambuco, Paraíba, etc.) vêm em
grande número para São Paulo e passam a viver na periferia aumentando o tamanho
da região metropolitana daquela cidade.
A partir da década de 60, São Paulo
torna-se o principal pólo econômico e a maior cidade da América do Sul.
Cidades Brasileiras
São Paulo - história
São Paulo - história

Nesse lugar, fundaram o Colégio
dos Jesuítas em 25 de janeiro de 1554, ao redor do qual iniciou-se a construção
das primeiras casas de taipa que dariam origem ao povoado de São Paulo de
Piratininga.
Em 1560, o povoado ganhou
foros de Vila e pelourinho mas a distância do litoral, o isolamento comercial e
o solo inadequado ao cultivo de produtos de exportação, condenou a Vila a
ocupar uma posição insignificante durante séculos na América Portuguesa.
Por isso, ela ficou limitada
ao que hoje denominamos Centro Velho de São Paulo ou triângulo histórico, em
cujos vértices ficam os Conventos de São Francisco, de São Bento e do Carmo.
Até o século XIX, nas ruas do
triângulo (atuais ruas Direita, XV de Novembro e São Bento) concentravam-se o
comércio, a rede bancária e os principais serviços de São Paulo.

A área urbana inicial, contudo,
ampliou-se com a abertura de duas novas ruas, a Líbero Badaró e a Florêncio de
Abreu. Em 1825, inaugurou-se o primeiro jardim público de São Paulo, o atual
Jardim da Luz, iniciativa que indica uma preocupação urbanística com o
aformoseamento da cidade.
No início do século XIX, com a
independência do Brasil, São Paulo firmou-se como capital da província e sede
de uma Academia de Direito, convertendo-se em importante núcleo de atividades
intelectuais e políticas. Concorreram também para isso, a criação da Escola
Normal, a impressão de jornais e livros e o incremento das atividades
culturais.
No final do século, a cidade
passou por profundas transformações econômicas e sociais decorrentes da
expansão da lavoura cafeeira em várias regiões paulistas, da construção da
estrada de ferro Santos-Jundiaí (1867) e do afluxo de imigrantes europeus. Para
se ter uma idéia do crescimento vertiginoso da cidade na virada do século,
basta observar que em 1895 a população de São Paulo era de 130 mil habitantes
(dos quais 71 mil eram estrangeiros), chegando a 239.820 em 1900!). Nesse
período, a área urbana se expandiu para além do perímetro do triângulo,
surgiram as primeiras linhas de bondes, os reservatórios de água e a iluminação
a gás.

As mais importantes
realizações urbanísticas do final do século foram, de fato, a abertura da
Avenida Paulista (1891) e a construção do Viaduto do Chá (1892), que promoveu a
ligação do "centro velho" com a "cidade nova", formada pela
rua Barão de Itapetininga e adjacências. É importante lembrar, ainda, que logo
a seguir (1901) foi construída a nova estação da São Paulo Railway, a notável
Estação da Luz.
Do ponto de vista
político-administrativo, o poder público municipal ganhou nova fisionomia.
Desde o período colonial São Paulo era governada pela Câmara Municipal,
instituição que reunia funções legislativas, executivas e judiciárias. Em 1898,
com a criação do cargo de Prefeito Municipal, cujo primeiro titular foi o
Conselheiro Antônio da Silva Prado, os poderes legislativo e executivo se
separaram.
O século XX, em suas
manifestações econômicas, culturais e artísticas, passa a ser sinônimo de
progresso. A riqueza proporcionada pelo café espelha-se na São Paulo
"moderna", até então acanhada e tristonha capital.
Trens, bondes, eletricidade,
telefone, automóvel, velocidade, a cidade cresce, agiganta-se e recebe muitos
melhoramentos urbanos como calçamento, praças, viadutos, parques e os primeiros
arranha-céus.

Nos navios carregados de
produtos finos para damas e cavalheiros da alta classe, também chegavam os
imigrantes italianos e espanhóis rumo às fazendas ou às recém instaladas
indústrias, não sem antes passar uma temporada amontoados na famosa hospedaria
dos imigrantes, no bairro do Brás.
Em 1911, a cidade ganhou seu
Teatro Municipal, obra do arquiteto Ramos de Azevedo, celebrizado como sede de
espetáculos operísticos, tidos como entretenimento elegante da elite
paulistana.
A industrialização se acelera
após 1914 durante a Primeira Grande Guerra mas o aumento da população e das
riquezas é acompanhado pela degradação das condições de vida dos operários que
sofrem com salários baixos, jornadas de trabalho longas e doenças. Só a gripe
espanhola dizimou oito mil pessoas em quatro dias.
Os operários se organizam em
associações e promovem greves, como a que ocorreu em 1917 e parou toda a cidade
de São Paulo por muitos dias. Nesse mesmo ano, o governo e os industriais
inauguram a exposição industrial de São Paulo no suntuoso Palácio das
Indústrias, especialmente construído para esse fim. O otimismo era tamanho que
motivou o prefeito de então, Washington Luis, a afirmar, com evidente exagero:
"A cidade é hoje alguma coisa como Chicago e Manchester juntas".
Na década de 20, a
industrialização ganha novo impulso, a cidade cresce (em 1920, São Paulo tinha
580 mil habitantes) e o café sofre mais uma grande crise. No entanto, a elite
paulistana, num clima de incertezas mas de muito otimismo, frequenta os salões
de dança, assiste às corridas de automóvel, às partidas de foot-ball, às
demonstrações malabarísticas de aeroplanos, vai aos bailes de máscaras e
participa de alegres corsos nas avenidas principais da cidade. Nesse ambiente,
surge o irrequieto movimento modernista. Em 1922, Mário de Andrade, Oswald de
Andrade, Luís Aranha, entre outros intelectuais e artistas, iniciam um
movimento cultural que assimilava as técnicas artísticas modernas
internacionais, apresentado na célebre Semana de Arte Moderna, no Teatro
Municipal.

A derrota de São Paulo e sua
participação restrita no cenário político nacional coincidiu, no entanto, com o
florescimento de instituições científicas e educacionais. Em 1933, foi criada a
Escola Livre de Sociologia e Política, destinada a formar técnicos para a
administração pública; em 1934, Armando de Salles Oliveira, interventor do
Estado, inaugurou a Universidade de São Paulo; em 1935, o Município de São
Paulo ganhou, na gestão do prefeito Fábio Prado, o seu Departamento de Cultura
e de Recreação.
Nesse mesmo período, a cidade
presenciou uma realização urbanística notável, que testemunhava o seu processo
de "verticalização": a inauguração, em 1934, do Edifício Martinelli,
maior arranha-céu de São Paulo, à época, com 26 andares e 105 metros de altura!
A década de 40 foi marcada por
uma intervenção urbanística sem precedentes na história da cidade. O prefeito
Prestes Maia colocou em prática o seu "Plano de Avenidas", com amplos
investimentos no sistema viário. Nos anos seguintes, a preocupação com o espaço
urbano visava basicamente abrir caminho para os automóveis e atender aos
interesses da indústria automobilística que se instalou em São Paulo em 1956.

Em 1954, São Paulo comemorou o centenário de sua fundação com diversos eventos,
inclusive a inauguração do Parque Ibirapuera, principal área verde da cidade,
que passou a abrigar edifício diversos projetados pelo arquiteto Oscar
Niemeyer.
Nos anos 50, inicia-se o
fenômeno de "desconcentração" do parque industrial de São Paulo que
começou a se transferir para outros municípios da Região Metropolitana (ABCD,
Osasco, Guarulhos, Santo Amaro) e do interior do Estado (Campinas, São José dos
Campos, Sorocaba).
Esse declínio gradual da
indústria paulistana insere-se num processo de "terciarização" do
Município, acentuado a partir da década de 70. Isso significa que as principais
atividades econômicas da cidade estão intrinsecamente ligadas à prestação de
serviços e aos centros empresariais de comércio (shopping centers,
hipermercados, etc). As transformações no sistema viário vieram atender a essas
novas necessidades. Assim, em 1969, foram iniciadas as obras do metrô na gestão
do prefeito Paulo Salim Maluf.
A população da metrópole
paulistana cresceu na última década, de cerca de 10 para 16 milhões de
habitantes. Esse crescimento populacional veio acompanhado do agravamento das
questões sociais e urbanas (desemprego, transporte coletivo, habitação,
problemas ambientais ...) que nos desafiam como "uma boca de mil
dentes" nesse final de século. No entanto, como dizia o grande poeta da
cidade, Mário de Andrade:
"Lá fora o corpo de
São Paulo escorre
vida ao guampasso
dos arranha-céus".
São Paulo escorre
vida ao guampasso
dos arranha-céus".
HISTÓRIA DE SÃO PAULO - TRABALHO PRONTO